domingo, 6 de junho de 2010

O orgullho de um pai.


Vou começar com uma história ou estória, pois não sei se realmente aconteceu, que me foi contada ainda na infância, e que eu nunca mais esqueci:


"Em uma turma do ensino fundamental, com uns trinta alunos mais ou menos, o professor entra em sala de aula, e a turma está na maior "zorra". O professor pede silêncio aos alunos, mas a turma nem toma conhecimento da sua presença, e continua a bagunça. Até que, em um determinado momento, o professor perde a paciência e solta um berro:

- Parem!!!


Os alunos assustados finalmente ficam em silêncio, e o professor diz:

- Eu só estou aqui por causa de uma pessoa. Sim, porque dessa turma somente um passará no vestibular, irá para a universidade, concluirá um curso superior, conseguirá um bom emprego, ou passará em um concurso público bom, e o problema é que eu não sei quem é essa pessoa. E é para esse aluno que eu estou aqui para dar aula hoje. A partir desse discurso do professor, todos os alunos ficaram quietos, e a aula transcorreu no maior absoluto silêncio, e não foi só essa aula que transcorreu normalmente, mas todas as aulas a partir daquela data, até o final do ano letivo".

Lembrei dessa história ou estória, porque fui na reunião de pais do colégio buscar o primeiro boletim da minha filha Nathália. Ela está na 5ª série do ensino fundamental e estava ansiosa pelos resultados e, principalmente, pela minha presença na reunião.

A 5ª série do ensino fundamental é um marco na vida estudantil de qualquer pessoa, e eu nem lembrava mais disso. O bom de ter-se filhos é que a gente tem a oportunidade de reviver essas coisas. Nesta etapa, o aluno começa a ter um professor para cada matéria, e é avaliado por provas com nota, tendo até mais do que uma prova por dia, ao contrário das séries anteriores em que eles são avaliados por relatório com vários quesitos do tipo "atingiu os objetivos, atingiu parcialmente, ou não atingiu os objetivos", sendo que este relatório é enviado aos pais com os trabalhos ou atividades avaliativas dos alunos feitos a cada trimestre. Até a 4ª série, minha filha sempre atingiu todos os objetivos, mas a avaliação fica uma coisa um tanto abrangente ou subjetiva.

Voltando à reunião dos pais para a entrega do boletim, observei algumas coisas interessantes. Na sala havia muitos pais, tanto pais como mães, que reclamavam dos professores e da dificuldade de fazer-se os trabalhos em casa. Eu não tinha nada a reclamar, pois sempre assinei todas as provas da minha filha, sendo que os professores entregam as provas, e os pais têm que assiná-las, para que o colégio tenha a certeza de que eles têm consciência do desempenho dos seus filhos. Nunca tive dificuldade alguma em ajudar minha filha nos "Deveres de Casa", que aqui no sul chamam-se "Temas de Casa", e o desempenho dela sempre foi excelente. Em um determinado momento da reunião, notei que o maior problema não eram as crianças, mas sim os pais. Enquanto um casal, tanto o pai quanto a mãe, reclamava da dificuldade do "Tema de Casa" de Geografia, um outro pai sentado ao meu lado pensava alto:

- O professor e os trabalhos de geografia não são o problema, o meu problema é a matemática.

Aquele pai ao meu lado chegou a verbalizar que a dificuldade não era do filho e sim dele.

Isso deixou-me pensando, e comecei a ficar preocupado com o desempenho da minha filha, já que alguns pais faziam reclamações fortes quanto à dificuldade de seus filhos, e esta dificuldade não era só dos filhos, mas sim deles também, e eu já comecei a ficar contaminado com aquelas reclamações todas, e achar que eu e minha filha também tínhamos problemas, mesmo não os tendo.

Após uma hora de reunião, o professor regente começou a entregar os boletins com as primeiras notas, ou seja, as notas do primeiro trimestre da 5ª série . Confesso que eu estava um pouco apreensivo, pois a esta altura eu já havia esquecido de todo o acompanhamento das provas e "Temas de Casa" que eu havia feito com a minha filha nos últimos três meses, achando-me um pai completamente relapso, por não ver e apontar os problemas apontados pelos outros pais.

Quando eu olhei o boletim dela, fiquei todo orgulhoso. A menor nota dela foi 9,0, e ainda por cima em Educação Física. O restante eram todas notas acima de 9,0, sendo que em geografia a nota dela foi 10,0, e em matemática foi 9,4. Porém, nem todos os alunos tiveram essas notas. A melhor amiguinha dela no colégio, por exemplo, ficou com 6,5 em matemática.

Fiquei todo orgulhoso da minha Nathália, pois eu sempre fui assim no colégio também, e sempre procurei ser aquele aluno para o qual os professores estavam ministrando as aulas. Esse compromisso com os estudos ela herdou de mim, ou de alguma forma eu consegui passar para ela com meu exemplo.

Foi neste dia que contei a ela a história ou estória que haviam me contado no ensino fundamental, ou seja, para que ela sempre se esforçasse em seus estudos, de modo que as aulas que os professores fossem dar, todos os dias, fossem para ela e não para os outros.

Confesso que eu nunca forcei nada, nem sequer precisei mandar minha filha algum dia estudar ou fazer algum "Tema de Casa". Talvez, ela sempre ouviu os outros falarem o que eu havia feito como estudante, ou viu o que eu sempre fiz nos cursos de especialização, que foi o que ela acompanhou.

Muitos pais dizem:

- Eu não quero que meu filho seja o melhor, ou um dos melhores alunos da aula, basta estar na média.

Mas aquela história ou estória que me foi contada na idade da minha filha, nunca saiu da minha cabeça, e sempre me rendeu bons resultados.

Talvez, alguns digam que o estudo não seja a garantia de sucesso profissional, mas posso afirmar que sem o estudo a caminhada fica muito mais difícil.

Cultura nunca é demais, e devemos sempre procurar a excelência, nem que seja para sermos pessoas com conteúdo.

Parabéns, minha filhota!!! Continue sempre assim!!! O Papai tem muito orgulho de ti!!!



Foto: Internet

14 comentários:

  1. eu absolutamente concordo com vc! Aqui em casa tanto eu quanto minha irmã fomos estimuladas a dar sempre o melhor nos estudos. E hoje, nos vendo ambas com formação academica e exercendo nossas profissões, posso dizer que nós conseguimos ser as alunas para o qual os professoras davam aula.
    Eu tb conheço essa historia, pode ser uma lenda urbana, mas serve demais pra todo mundo!
    Parabéns pelo post e pela Nathália, que ela continue assim. Bom final de semana pra ti!

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  2. Paulo querido amigo,
    Q. lindo texto me sensibilizou até pq. tb. sou mãe de um ABORRECENTE de 15 aninhos, guitarrista meu anjinho de olhos verdes...Sei como é. Olha obrigada pelas palavras, sua visita e volte sempre, vem sentir o sol e a alegria desta minha cidade maravilhosa... Ali no meu canto escrevo de um tudo um pouco é o meu grande diário virtual... Bjitos mil ...Ah, sempre estarei aqui neste seu BAR..jogando conversa fora e bebiricando e filosofando...kkkk. Delicia...

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  3. Paulo,

    Não tenho vocação pra ensinar, por isso tenho que pagar uma professora particular, mesmo sabendo que para muitos isso é errado, que o aluno tem que estudar sozinho. Só que o colégio que meu filho estuda tem muita tarefa, sinceramente, nem sei como ele dá conta. Ainda bem que é disciplinado.

    ------------------------

    Todo domingo mando algo que acho interessante para os amigos e hoje não poderia ser diferente. Encontrei por uma menina que brinca com o designer fazendo pontilhado em almofadas. Muito legal, até porque quando os pontos são ligados é uma posição do kama sutra que aparece. Leve e original, amei! Espero que goste, porque Milene Rebuzzi se garante:

    http://www.coroflot.com/public/individual_set.asp?individual_id=275238&set_id=419719&

    Maravilhoso começo de semana.

    Rebeca

    -

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  4. Pense que é para voce que o professor veio dar aula hoje.

    Paulo, sempre repeti essa frase para minha filha e agora ela repete para minha neta...

    Beijosss

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  5. Sempre digo para meu filho, um adolescente de 16 anos: não seja apenas aluno, mas acima de tudo, estudante. De alunos, os colégios estão cheios!
    BJO* pra você e para a querida Nathália, que além de boa aluna é boa blogueira também!!!
    ;)

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  6. Infelizmente, acho que as crianças e adolescentes estão tão perdidos do jeito que estão, graças aos próprios pais. Se eles não conseguem ajudar os filhos a fazer os deveres, o certo seria o que? Não haver mais deveres?

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  7. Paulo,

    Ah! se pelo menos terça parte das famílias... pai, mãe ou pessoas responsáveis agissem assim!não teríamos um índice elevado de problemas, como temos hj em nossas escolas.
    Parabéns! Paulo.Vejo que és um pai presente, aliás, não tinha dúvida disso! baseado em tudo que aqui,já li sobre vc, enqto pai dedicado e
    amoroso que é.

    Certamente, teve o privilégio de ter uma boa educação, seja ela de escola formal, escola de ensino regular ou,informal.
    Então, não seria dissemelhante com a educação da sua filha amada.Desejo que continue assim, independente de qualquer coisa, seja presente na vida de sua filha e, ela terá um futuro brilhante.

    Incentive e motive sempre sua filha...sempre.
    verás o resultado futuramente.
    A propósito tenho uma filha de 16 anos, tb,tem me dado contentamento, estuda bastante, agora por exemplo está no quarto rodeada de livros..
    Inclusive, no dia do niver da minha Lethícia... presenteei-a com uma linda mesa e cadeira para fins de estudos que por sinal, ficou feliz da vida! e eu, mais ainda.
    (olha só o q estou contando)o que não fazemos para os filhos!? diga Paulo.risos.

    Nossa! escrevi demais,logo,logo não vai querer ler os meus comentários,pois estendo muitoooooo...ufa! acabou.

    Abração com admiração!

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  8. Parabéns pela tua filhota,com ctz ela ainda irá te dar mt orgulho.
    E parabéns pra vc por ser um ótimo pai,pelo visto :D
    Os pais tem q estarem sempre ajudando os seus filhos.
    HAAA...de nada pelas gargalhadas!

    Essa semana é a Semana do Meio Ambiente no meu blog.Venha dar uma lida na Programação Verde.
    Te espero lá!
    www.fluem.blogspot.com

    :*

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  9. Oie. É assim... prefiro não ter essa lista de seguidores para deixar algumas carinhas de fora, sabe? Se é que vc me entende... rsrs Mas há outras maneira de add. Eu tenho uma lista de links dos blogs que sigo. Tenho alguns seguidores tb, mas não sei como fizeram. rs
    Beijos!

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  10. Ainda não tenho filhos, mas quando tiver, também contarei esta história ou estória... rs

    Parabéns para a Nathália, e parabens de novo pra ela, por ter um pai excelente!


    Um Beijo

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  11. Vim agradecer sua visita e dizer que adorei conhecer teu blog.
    Bom hoje está cada vez mais dificil separar aluno de professor, Tenho ouvido cada coisa de professores que ando meio sem fé nos nossos educadores, dos alunos nem se fale.
    Apesar de meus filhos nunca terem me dado problema na escola...
    Graças a Deus
    Bjos achocolatados

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  12. Passei por aqui, mas voltarei.
    Sandra

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  13. Nossa fiz um comentário imenso e perdi, não acredito, rsrsrs. Mas vou escrever de novo, certamente não sairá igual!

    Tudo bem Paulo?
    Olha, este seu post me é muito familiar, pois sou pedagoga, professora e mãe, tenho as duas visões da questão. Parece que estava no meio da reunião que descreveste, rsrs.

    Parabéns pelo acompanhamento que tens dado à sua filha, ele é fundamental. Muitos pais acham que a responsabilidade pelo desenvolvimento do aluno é 100% da escola, ou utilizam a falta de tempo como desculpa para tudo. E assim os filhos vão "levando" a escola sem dar o devido valor a ela, valor este que continua o mesmo de sempre, embora as formas de ensino e as metodologias tenham mudando bastante nos últimos anos.

    Também era como você, nunca dei trabalho aos meus pais (minha mãe no caso, pois ela ficou viúva muito jovem), sempre fui excelente aluna e tenho certeza que a minha vida profissional é reflexo disso. O ensino de qualidade ainda é sim o único caminho para uma vida profissional de sucesso, embora eu também acredite em talentos natos e empreendedorismo, mas isso é assunto para outro comentário, rs(e também ambos não anulam a importância da escola).

    A minha pequena é muito esperta, mas meio "malandrinha" na escola, ela faz aquele perfil de crianças inteligentes e meio preguiçosas, lembra muito meu irmão, cabe a mim acompanhar e incentivar. Afinal ninguém é igual a ninguém e esta diversidade que é linda nos seres humanos.

    Parabéns a Nathália, que ela continue lhe dando muito orgulho.

    Obrigada pelo seu carinho em meu blog, estou te seguindo!!

    Beijos,
    Kenia.

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  14. Obrigada por ter vindo conhecer meu cantino também. Voltarei aqui sempre que possivel. Boa NOIte!!

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