quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tributo ao amigo Lulu.

Hoje mais um colega aposentou-se no meu local de trabalho, no meu setor. Luiz Alfredo, um grande profissional, um grande técnico, e um grande amigo. Companheiro de almoço, de todos os dias, nos últimos anos. Lulu, como todos o chamam carinhosamente, é uma pessoa incrível. Foi professor de ciências nas escolas de ensino fundamental e secundário. Mora em Guaíba, uma cidade que fica a 27 Km de Porto Alegre, na outra margem do Rio Guaíba, junto com sua esposa, e muito próximo dos filhos e netos. Nesta data, completou 35 anos de contribuição à Previdência e 30 anos de serviços prestados à mesma empresa.

Nossa amizade sempre foi muito grande. Eu sempre adorei a hora do almoço, pois além de ser uma hora sagrada, nossos papos eram profundos. Falávamos sobre inovações da tecnologia, fotografia, viagens, coisas da vida, filosofia e comportamento humano. Nunca faltava assunto, e poderíamos ficar dias conversando sem parar. A troca de idéias sempre foi muito intensa, e como ele escreveu em sua mensagem de despedida, que eu, talvez, não fizesse idéia o quanto os nossos papos contribuiram para sua vida, sendo que eu respondi a ele a mesma coisa.
A aposentadoria é uma nova etapa da vida de uma pessoa, uma mudança tão radical, que deve ser planejada para que a pessoa não sinta tanto os reflexos dessa mudança. Eu comparo com um preso que ganha a liberdade, e se não souber o que fazer com ela, pira. Mas Lulu sabe o que fazer. Ele disse-me que agora vai ter o tempo para fazer suas coisas, coisa que nunca teve, que vai poder ver os netos crescerem, já que os filhos ele não viu, pois estava sempre viajando a trabalho, que pretende viajar muito, e fotografar tudo o que de mais lindo esse mundo pode mostrar. Conseguir aposentar-se sem precisar trabalhar para complementar a aposentadoria, hoje no Brasil, é uma dádiva. E isso só é possível, porque contribuímos para um plano de previdência privada, que permite ao funcionário receber seu sálario integral, com se estivesse trabalhando. Claro que nem tudo é um mar de rosas, pois essa renda vai sendo corroída no decorrer dos anos, pois os aumentos dos aposentados não são os mesmos do pessoal que está na ativa. Mas com o dinhero que ele vai levar por ocasião da aposentadoria, se bem administrado, e sei que ele vai administrar bem, dá para levar uma vida confortável até o fim.
Mesmo nesses vinte e dois anos trabalhando na mesma empresa, vendo muitos colegas aposentarem-se, eu não penso em aposentadoria. Faltam muitos anos para mim, muitas leis ainda podem surgir dificultando a aposentadoria, principalmente, avançando a idade mínima para aposentar-se, e pensar em aposentadoria, agora, seria esperar, simplesmente, a vida passar. Tenho muito o que crescer profissionalmente, tenho muito tempo de trabalho pela frente para isso, e gosto do que faço, mas ver colegas mais velhos atingirem a liberdade é extremamente gratificante.
Ao mesmo tempo que feliz pelo Lulu por atingir sua liberdade, fiquei triste pela perda do companheiro de trabalho e amigo. A vida tem ensinado-me que as pessoas aproximam-se por vínculos e afinidades. Os vínculos podem ser o local de trabalho, ser vizinho, colegas de colégio ou faculdade, colegas de cursos de especialização de 2 anos, entre outros. Às vezes, um pequeno curso com as mesmas afinidades, podem juntar as pessoas de uma forma explendorosa. Mas aprendi que, mesmo com muitas afinidades, a quebra do vínculo acaba por afastar as pessoas. Assim acontece com aquele vizinho que tornou-se um grande amigo, mas muda de prédio, entre os colegas de colégio, faculdade, ou quaisquer encontros que criam vínculos entre as pessoas. Não me iludo mais que as pessoas mantém a mesma afinidade quando os vínculos se quebram, apesar de fantasiarmos sempre que nada mudará. É natural, e faz parte da vida, e se você pensar bem, já deve ter experimentado esse tipo de quebra de relação. Senti isso, recentemente, quando participei de uma festa de 24 anos de formatura do curso de Engenharia Civil. Formei-me novinho. Com apenas 23 anos de idade, eu e meus colegas já éramos engenheiros. Hoje o pessoal está se formando mais tarde, e muitos estão fazendo seu primero curso de graduação com 30 anos de idade. Mas, enfim, foi triste sentir na festa de comemoração de aniversário de formatura a quebra da afinidade. Colegas, que eram muito amigos, só falavam das coisas do passado, os caminhos seguidos, mas não tinham mais presente juntos, sequer um passado recente. A vida é assim mesmo, mudamos, nos renovamos, nossos relacionamentos se renovam, fazemos novos amigos, novos relacionamentos, novos interesses, novos amores, novas paixões.
Sabendo disso, no último dia de trabalho do meu colega e amigo, trocamos telefones, endereços, e e-mails, mas eu sabia que eram nossos últimos momentos de extrema amizade e afinidade. Na despedida, no final do expediente, dei-lhe um abraço apertado, agradeci-lhe por ter tido o privilégio do seu convívio, disse-lhe o quanto ele havia sido um grande colega e amigo, o quanto ele tinha contribuído na minha vida, e disse-lhe, também, que eu havia passado na vida dele com a vontade de ficar. Alguém pode dizer que não é assim, que pode ser diferente, mas a vida tem me mostrado que é assim. É um sentimento diferente, não posso dizer que é triste, nem que é alegre, mas é diferente, pois a vida tem me mostrado como o tempo e a distância acabam com as afinidades de grandes amigos, nem que seja aos poucos. Sei que entre eu e o Lulu vai ser assim, pois apesar de muitas afinidades, o vínculo do trabalho era quem nos aproximava todos os dias.
Lulu, que Deus te abençoe e te proteja sempre, que você seja sempre muito feliz, com muita saúde, no convívio da tua esposa, por quem eu sei que você é apaixonado, de teus filhos, netos, e dos novos amigos que você conquistará nessa nova etapa da vida. Foi um privilégio ter te conhecido, ter convivido contigo durante todos esses anos, e pela contribuição e os momentos felizes que você proporcionou na minha vida.
Para finalizar, trancrevo abaixo um texto do grande poeta gaúcho, Mario Quintana, a qual o Lulu finalizou sua mensagem despedida para os seus colegas e amigos, dando-nos a sua última mensagem de sabedoria, enquanto colega de trabalho:
O tempo







"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando se vê, já é sexta-feira...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê, já passaram-se 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado.

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.

Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais."

Mario Quintana (por Lulu).

sábado, 26 de junho de 2010

Um questão de educação.


Inicialmente, vou contar-lhes uma passagem que aconteceu, recentemente, comigo no trânsito:

Em uma manhã de domingo, sai de carro para almoçar em um restaurante que servem uns filés, simplesmente, deliciosos aqui em Porto Alegre. Quando estava na rua do restaurante, resolvi estacionar o carro em uma rua transversal próxima, pois havia menos carros, e seria mais tranquilo estacionar. A rua a qual eu vinha, a do restaurante, é uma via de mão dupla, porém, tem um faixa amarela contínua. Para quem conhece um pouco das leis de trânsito sabe que uma faixa contínua significa que não pode haver ultrapassagens, e é amarela para indicar que a via tem dois sentidos, senão a faixa seria branca, indicando via de mão única.

Voltando ao ocorrido, eu vinha pela rua, sinalizei com o pisca-pisca que iria fazer a conversão à esquerda, parei o carro bem à esquerda, junto a faixa contínua, olhei pelo retrovisor principal e vi que não vinha ninguém atrás, olhei pelo retrovisor lateral e também constatei a ausência de qualquer veículo vindo atrás, ou sequer ultrapassando irregularmente na faixa contínua, e iniciei a conversão, quando de repente ouvi uma batida forte na lateral no meu carro, à esquerda (lado do motorista), arrancando meu espelho retrovisor lateral, e batendo no paralamas dianteiro esquerdo do meu carro. A adernalina subiu, imediatamente, ao meu corpo, como era de se esperar. Logo vi que o carro que tinha colidido com o meu era um táxi. Parei, imediatamente, o carro, bem a direita da rua, e o táxi também parou, na minha frente. Desci do carro, e o taxista veio ao meu encontro com uma cara de apavorado, perguntando se eu tinha seguro. Apesar de ter seguro, respondi-lhe que não tinha, para evitar que ele propusesse pagar uma parte da franquia, já que ele estava completamente errado em ultrapassar em faixa contínua, em alta velocidade. Eu não o havia visto nos retrovisores, pois quando eu olhei, o carro dele já estava na lateral do meu, na zona invisível aos espelhos. Eu havia feito tudo certo, portanto, tinha a convicção de que o taxista tinha que pagar o conserto do meu carro. Iniciou-se uma pequena discussão, e eu perguntei-lhe como um profissional poderia tentar ultrapassar em faixa contínua, em alta velocidade, o que ele não soube me explicar. Quando ele viu que estava errado, dispensou as duas passageiras que transportava, pegando seus nomes e telefones para servirem de testemunhas a favor dele. Aí eu pensei: como pode as pessoas serem tão cínicas e irresponsáveis ao ponto de se oferecerem como testemunhas, mentindo, só porque achavam que eu tinha interrompido sua corrida, causando-lhes um transtorno em ter que pegar um outro táxi?

Enquanto aguardava a guarda municipal e a Brigada Militar (Polícia Militar do RS), fotografei o local, a faixa contínua, e os carros, com a câmera do meu celular, para comprovar como foi a batida, como uma forma de perícia, já que eu não tinha testemunhas. Tinha a certeza de que a forma como foi a batida diria mais sobre o ocorrido do que qualquer falsa testemunha do taxista.

Quando chegaram as polícias, o taxista mudou o discurso, dizendo que ele vinha no sentido certo e que eu vinha à direita dele, e que, simplesmente, eu tinha entrado à esquerda, cortando a frente dele para fazer uma conversão irregular à esquerda. Enlouqueci com aquela atitude do cafajeste. Comecei alterar-me, quando o policial chamou-me à atenção, e eu, imediatamente, me acalmei, pois não iria perder toda a minha razão pelo cinismo de um velho taxista idiota. Casualmente, havia uma oficina mecânica na esquina das ruas do local do ocorrido, sendo que o mecânico deu-me toda a razão, mas me disse que não serviria de testemunha, pois não queria perder tempo em se deslocar um dia ao Fórum. Perguntei ao mecânico, pela sua experiência, o quanto iria custar o conserto do meu carro, e ele me disse que não passaria de R$ 1.000,00 (Hum mil reais). Propus, então, ao taxista, que ele me desse R$ 500,00, e que eu consideraria o caso como encerrado, e ele me respondeu que eu é que lhe devia R$ 500,00. Nesse momento, vi que não havia nenhuma negociação com aquele infeliz. Após o registro de um Boletim de Ocorrência preliminar no local, dirigi-me à delegacia de polícia mais próxima para registrar o BO definitivo. No dia seguinte (segunda-feira), quando estava saindo do banho e preparava-me para ir ao trabalho, recebi um telefonema do taxista, já que no BO preliminar constavam todos os meus dados, inclusive, meu celular. Ele se apresentou, e disse que havia feito uma avaliação no carro dele, me propondo que deixássemos assim, ou seja, como cada um achava que tinha razão, que cada um pagasse seus prejuízos. Disse a ele que quem deveria pagar os prejuízos do meu carro era ele, já que no dele nada havia ocorrido, e que o acionaria na justiça. Levei o carro no mecânico, e o conserto foi orçado em R$ 930,00. Como já previa, o problema não era tanto o dinheiro, mas, sim, a incomodação, já que tive que perder quase um dia inteiro de trabalho para levar o carro no mecânico e ir ao Fórum Central para acionar o taxista idiota, no Juizado de Pequenas Causas. Talvez eu não consiga ser ressarcido, e tenha que entrar na justiça comum para tentar um possível ressarcimento, mas pelo menos vou incomodar esse infeliz, pois meu ressarcimento agora é mais moral do que financeiro.

Todo esse episódio que aconteceu comigo fez eu pensar mais profundamente sobre o problema do trânsito. Hoje, no Brasil existe um Código Nacional de Trânsito bem elaborado, as punições são muito severas, e as ruas e estradas são bem sinalizadas, porém, as infrações e mortes no trânsito são crescentes. Onde está o problema, então? Está no comportamento das pessoas. O trânsito nada mais é do que um compartilhamento de espaço entre as pessoas nas ruas, com carros. As pessoas não se respeitam. Disputam espaços de forma desrespeitosa e mal educada, assim como furam filas, e empurram-se quando estão a pé, em uma multidão. Cometem irregularidades no trânsito para levar vantagem de espaço sobre os outros. Ultrapassam na contramão ou pela direita, nas ruas, querem ocupar irregularmente o espaço dos outros, ultrapassam pelo acostamento ou fazem ultrapassagens perigosas nas estradas, trafegam em alta velocidade, desrespeitam uns aos outros, no sentido de ganharem espaços uns dos outros, através da infração. Colocam na direção de um carro todo o seu recalque e sua atitude maldosa regida pela famosa "Lei de Gerson", ou seja, a de "levar vantagem em tudo". Hoje, quando eu vejo um infeliz desses me cortar a frente do carro, ou levar vantagem de espaço de uma forma irregular, protejo-me, deixo-o passar, deixo ele pensar que foi esperto, com a certeza que isso o entusiasmará mais em prosseguir em sua infração, sabendo que logo ali na frente outro maluco como ele lhe dará o troco, batendo no seu carro, proporcionando-lhe o prejuízo merecido, pois ele será atingido na parte mais sensível do ser humano: o bolso. Isso, quando ele não tiver outros prejuízos. Ele não vai escapar da vingança de outro louco como ele, e que eles se entendam, mas eu é que não vou entrar nessa.

O problema do trânsito é um problema de comportamento das pessoas, onde um quer sempre levar vantagem sobre o outro, nem que essa vantagem seja só um espaço físico. É a cultura do povo brasileiro, onde algumas pessoas não respeitam ninguém, nunca tiveram limites de seus pais, acham-se espertos, e pensam que tudo podem. É fácil ver a real personalidade de uma pessoa, simplesmente observando como ela se comporta no trânsito, guiando um carro.

Que os espertinhos de plantão paguem por suas irresponsabilidades, o que um dia será inevitável, mas que não envolvam pessoas inocentes, que tirem suas próprias vidas, mas não a dos outros.

O problema do trânsito é cultural e de comportamento. É um problema muito sério, pois mata mais que armas, balas perdidas, assaltos, ou seja, mata mais do que qualquer coisa.

Cabe a nós ensinar aos nossos filhos valores e educação, como por exemplo, ser gentil com as pessoas, oferecendo-lhes espaço, saber esperar a sua vez, essas coisas relativas a uma boa educação. Cabe, também, às Escolas do Ensino Fundamental passar esses valores, principalmente, abordar a questão de educação no trânsito, para que os futuros motoristas, em especial os filhos dos irresponsáveis, possam ter um pouco de educação, já que eles não tiveram em casa.

Eu sempre digo:

Educação não vem do estudo, vem de berço!

terça-feira, 15 de junho de 2010

A primeira balada.


O gostoso de ter-se filhos é que a gente revive com eles as várias etapas da vida. Apesar de ter uma filha só, e o fato dela ser menina, existem etapas que são vividas por meninos e meninas, talvez emocionalmente, da mesma forma.
No sábado passado foi Dia dos Namorados, e foi, também, a primeira "Reunião Dançante" da minha filha. Uma data bem sugestiva para ir-se à primeira "Reunião Dançante". Não sei como chamam agora, bailinho, festa americana, mas na minha época, aqui no sul, chamava-se "Reunião Dançante". Nesses eventos, os meninos levam a bebida e as meninas levam a comida, e fazem uma festa dançante. Não lembro bem da minha primeira "balada" assim, mas lembro de duas ocasiões: uma na casa de uma menina, a qual eu gostava, e dizíamos que estávamos namorando, e outra no meu aniversário, na minha casa. Lembro-me que na casa da "minha primeira namorada" tinha um grupinho de meninos e meninas que dançavam, e outros que ficavam pelos cantos, só rindo e brincando. Eu era do grupo que queria dançar com as meninas. Não sabíamos dançar, e tudo era um aprendizado. Nas primeiras festinhas, dançávamos só músicas lentas ou românticas, pois dançar separado era mais difícil, e só poucas meninas arriscavam tal proeza. Começávamos a dançar musicas românticas com os corpinhos afastados, e aos pouquinhos os meninos iam apertando mais as meninas. Umas não permitiam essa aproximação, e outras, aos poucos, iam cedendo. A exicitação dos meninos era visível, pois todos acabavam ficando de "barracas armadas". O grupo de meninos que não dançavam, só se devertiam com a excitação dos meninos que dançavam, porque não tinha como esconder os "tiquinhos duros". Nessa época, eu tinha 11 anos, que é a idade da minha filha.

A "Reunião Dançante" que eu fiz na minha casa, por ocasião do meu aniversário, foi às 15:00h de um sábado. Eu já tinha alguma experiência, pois já havia participado de outras festas semelhantes, já tinha dançado, e não tinha tanta timidez em convidar as meninas para dançar. Fechávamos as cortinas da sala para criar um clima noturno ou de pouca luz, e minha mãe entrava seguidamente na sala abrindo as cortinas para entrar luz, dizendo que era muito mais divertido dançar no claro. Quando ela saía, fechávamos novamente as cortinas, e a festa romântica continuava a rolar.

Agora tudo isso voltou-me à lembrança, pois era a minha filha que estava indo a sua "Primeira Reunião Dançante", e coube a mim levá-la e buscá-la em tal evento. Quando ela recebeu o convite, em um primeiro momento, ela disse que não iria, mas aos poucos eu fui incentivando ela a ir. Era no salão de festas do coleguinha de colégio, o menino que ela gosta. Ela é louca pelo menino, mas o menino só a esnoba. Dois dias antes da Reunião Dançante ela decidiu ir. Na festinha só foram convidados os coleguinhas da sua turma.

Eu estava meio apreensivo, pois parecia que eu estava levando minha filha a um antro de leões. Era visível a apreensão dela também, pois antes de saírmos, ela foi correndo ao banheiro, com dor de barriga. Tadinha! Ela estava nervosa, e eu entendia tudo aquilo, pois já tinha sentido isso no passado. Minha filha é muito parecida comigo, quando fica muito nervosa o intestino avisa. A festa começava às 19h30min e terminaria às 23h30min. Enquanto ela descarregava seu nervosismo no banheiro, eu procurava nos Mapas do Google como chegar ao endereço. Saímos. O salão de festas era em um condomíno enorme, desses de classe média, mas parecia uma cidade, face a quantidade de blocos de apartamentos. Deixei o carro do lado de fora e fomos os dois caminhando pelas pequenas ruas, entre os blocos de apartamentos, de mãos dadas, perguntando aos moradores onde era o tal dito salão de festas. A mãozinha dela suava muito, e a minha também. Logo, localizei um prédio térreo enorme, onde havia uns meninos da mesma idade, sendo que ela logo reconheceu o seu colega amado e outros coleguinhas, todos meninos. Fui me aproximando da entrada do salão, pois só largaria minha filha com um adulto responsável pela festa, de preferência a mãe do garoto anfitrião. Na porta de entrada do salão, olhei para dentro, sem entrar, e estava tudo muito escuro, com uma música muito alta. Um ambiente e iluminação típicos das melhores casas noturnas adultas. Logo veio a porta uma mulher, que era a mãe do anfitriãozinho da festa, seu amado, dizendo:
- Pode ficar tranquilo que eu estarei todo o tempo junto.
Aquilo me tranquilizou um pouco. Durante todo o percurso de casa para a festa, eu havia passado uma porção de recomendações e dicas para minha filha, mas quando eu me dirigia de volta ao carro, no meio do caminho, eu lembrei que havia esquecido de dizer que quando ela não quissesse mais dançar com um determinado menino, que ela pedisse licença e fosse sentar. Fiquei preocupado que havia esquecido aquela recomendação, porém, lembrei que ninguém havia me dito isso, também, e que muitas coisas ela iria aprender sozinha. Voltei para casa e fiquei preocupado, esperando a hora de buscá-la.

No horário previsto para término da festa, lá estava eu, pontualmente, às 23h 30min para buscá-la. Os meninos e meninas estavam todos na frente do salão, conversando, e esperando os pais. Falei com a mãe do anfitriãozinho, agradeci, e saí com minha filha de volta para casa. Durante o caminho, perguntei como havia sido a festa, e ela disse que tinha adorado, que tinha dançado bastante, principalmente, com o menino que ela gostava. Na festa havia 16 crianças, 10 meninos e seis meninas, como em toda balada normal, onde há mais homens que mulheres. Disse que brincaram da brincadeira da vassoura, onde todos dançavam, e um menino ficava com a vassoura, sendo que quem tinha a vassoura poderia tomar o par do outro. A vassoura sempre ficava com um menino, pois haviam mais meninos que meninas. A festa tinha um DJ que colocava as músicas e controlava as luzes. Ela só reclamou que tinha um menino que, enquanto dançava, mexia no cabelo dela, e eu pensei: - Que menino safado!

Mas deu tudo certo, e sei que daqui para frente as festas vão se multiplicar, e as descobertas vão ser maiores. Muitos amigos, que também são pais e mães, principalmente as mães de meninas, me contam que as coisas vão acontecer muito rápido dos 11 aos 12 anos. Eu vejo isso no corpo da minha filha, que se desenvolve a uma velocidade incrível. Ela está ficando uma mocinha, e logo virá a primeira menstruação.

Cada vez mais, vou ter que procurar orientá-la ao máximo, dando os limites necessários, e procurando passar orientações, torcendo que ela capte o máximo possível.

Os tempos são outros, eu sei, mas de uma certa forma a vida se repete nos filhos, e esses momentos são a oportunidade que temos de revivermos coisas do passado, e tentar passar nossas experiências a eles, apesar que experiências dificilmente são passadas, pois tem que serem vividas. Os limites têm que serem dados, mas sempre adaptados aos tempos de hoje.

Foi maravilhoso poder ter tido a oportunidade de curtir mais esse primeiro momento da minha filha, pois a primeira vez de cada uma de nossas experiências a gente nunca esquece.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Copa do Mundo da África do Sul.


Faltam menos de 24 horas para o início da Copa do Mundo. Muitos já escreveram sobre a Copa e, considerando que é um dos maiores eventos esportivos do mundo, eu não poderia deixar, simplesmente, passar em branco, ou deixar de registrar minhas percepções e sentimentos sobre o assunto.

Faz muitos anos que eu não sou fanático por futebol como a maioria dos homens, o que é considerado pelas mulheres como uma característica positiva, pois o que elas mais detestam é ver seu homem atirado em cima de um sofá às terças à noite, ou aos domingos à tarde, grudados na telinha quase que hipnotizados por uma bola disputada por 22 jogadores. De forma alguma estou criticando esse tipo de homem, até porque eu já fui um fanático por esse esporte, do tipo vestir camiseta do time do coração, que é o Grêmio, e passar um dia inteiro em um estádio de futebol, guardando lugar na arquibancada, aguardando o início de um jogo que iniciaria somente na segunda metade da tarde. Hoje limito-me a acompanhar os resultados dos jogos do campeonato gaúcho e copa do Brasil, no final do programa Fantástico da Rede Globo, até porque o futebol é um dos assuntos mais discutidos nas rodas de conversas entre os homens, e eu não poderia ficar alienado sobre o assunto.

A Copa do Mundo é diferente. Nos jogos do Brasil o país, literalmente, paralisa. Os empregados das empresas param para ver o jogo, ou uma hora antes as empresas dispensam seus empregados para irem embora para casa, como nesse ano, que haverá jogos às 15h30min. Uma hora antes do jogo ocorre uma tranqueira no trânsito, as pessoas ficam ansiosas para chegar em casa, ou se não dá tempo, procuram o lugar mais próximo onde haja uma televisão para ficar hipnotizado.

Eu, por exemplo, nos jogos do Brasil, fico ansioso minutos antes e durante todo o jogo. É uma sensação indescritível. É como se eu entrasse em campo com aqueles 11 jogadores que passam a serem vistos como guerreiros. Durante o jogo, não se escuta um barulho na rua, uma pessoa ou carro circulando, quando muito alguns poucos ônibus ou táxis, pois os serviços essenciais não podem parar. É um momento mágico, indescritível, e de silêncio absoluto nas ruas.

Além dos jogos, o que eu acho mais fabuloso durante a Copa, é que no país sede desembarcam repórteres e pessoas de todo o mundo, sendo transmitidas notícias, documentários, história, e conhecidos os pontos os turísticos daquele país. Quantos de nós já havia sequer cogitado em colocar a África do Sul em nossos roteiros de viagem? De conhecer a África do Sul de Mandela, do "apartheid" (regime de segregação racial), da AIDS, dos paradoxos de riqueza de poucos e pobreza de muitos, das tribos zulus, dos territórios de safaris, das minas de diamantes, dos vinhos sul africanos, e dos costumes de um povo que foi o berço do Brasil e da humanidade?

A África do Sul foi vista pelo mundo. O país está de parabéns, pois construiu uma infraestrutura fantástica para receber a Copa do Mundo, quando ninguém acreditava que eles conseguiriam, pois não tinham os estádios, a segurança, e a estrutura necessária para tal evento.

A próxima Copa de 2014 será no Brasil, e nós seremos vistos pelo mundo também, não só como um eixo chamado Rio-São Paulo, mas como um país continental do Oiapoque ao Chuí.

Que o Brasil se espelhe no trabalho da África do Sul de Nelson Mandela para receber a Copa.

E agora, só nos resta torcer pelo nosso país e pela conquista do Hexa.

Vamos lá, Brasil!!!

domingo, 6 de junho de 2010

O orgullho de um pai.


Vou começar com uma história ou estória, pois não sei se realmente aconteceu, que me foi contada ainda na infância, e que eu nunca mais esqueci:


"Em uma turma do ensino fundamental, com uns trinta alunos mais ou menos, o professor entra em sala de aula, e a turma está na maior "zorra". O professor pede silêncio aos alunos, mas a turma nem toma conhecimento da sua presença, e continua a bagunça. Até que, em um determinado momento, o professor perde a paciência e solta um berro:

- Parem!!!


Os alunos assustados finalmente ficam em silêncio, e o professor diz:

- Eu só estou aqui por causa de uma pessoa. Sim, porque dessa turma somente um passará no vestibular, irá para a universidade, concluirá um curso superior, conseguirá um bom emprego, ou passará em um concurso público bom, e o problema é que eu não sei quem é essa pessoa. E é para esse aluno que eu estou aqui para dar aula hoje. A partir desse discurso do professor, todos os alunos ficaram quietos, e a aula transcorreu no maior absoluto silêncio, e não foi só essa aula que transcorreu normalmente, mas todas as aulas a partir daquela data, até o final do ano letivo".

Lembrei dessa história ou estória, porque fui na reunião de pais do colégio buscar o primeiro boletim da minha filha Nathália. Ela está na 5ª série do ensino fundamental e estava ansiosa pelos resultados e, principalmente, pela minha presença na reunião.

A 5ª série do ensino fundamental é um marco na vida estudantil de qualquer pessoa, e eu nem lembrava mais disso. O bom de ter-se filhos é que a gente tem a oportunidade de reviver essas coisas. Nesta etapa, o aluno começa a ter um professor para cada matéria, e é avaliado por provas com nota, tendo até mais do que uma prova por dia, ao contrário das séries anteriores em que eles são avaliados por relatório com vários quesitos do tipo "atingiu os objetivos, atingiu parcialmente, ou não atingiu os objetivos", sendo que este relatório é enviado aos pais com os trabalhos ou atividades avaliativas dos alunos feitos a cada trimestre. Até a 4ª série, minha filha sempre atingiu todos os objetivos, mas a avaliação fica uma coisa um tanto abrangente ou subjetiva.

Voltando à reunião dos pais para a entrega do boletim, observei algumas coisas interessantes. Na sala havia muitos pais, tanto pais como mães, que reclamavam dos professores e da dificuldade de fazer-se os trabalhos em casa. Eu não tinha nada a reclamar, pois sempre assinei todas as provas da minha filha, sendo que os professores entregam as provas, e os pais têm que assiná-las, para que o colégio tenha a certeza de que eles têm consciência do desempenho dos seus filhos. Nunca tive dificuldade alguma em ajudar minha filha nos "Deveres de Casa", que aqui no sul chamam-se "Temas de Casa", e o desempenho dela sempre foi excelente. Em um determinado momento da reunião, notei que o maior problema não eram as crianças, mas sim os pais. Enquanto um casal, tanto o pai quanto a mãe, reclamava da dificuldade do "Tema de Casa" de Geografia, um outro pai sentado ao meu lado pensava alto:

- O professor e os trabalhos de geografia não são o problema, o meu problema é a matemática.

Aquele pai ao meu lado chegou a verbalizar que a dificuldade não era do filho e sim dele.

Isso deixou-me pensando, e comecei a ficar preocupado com o desempenho da minha filha, já que alguns pais faziam reclamações fortes quanto à dificuldade de seus filhos, e esta dificuldade não era só dos filhos, mas sim deles também, e eu já comecei a ficar contaminado com aquelas reclamações todas, e achar que eu e minha filha também tínhamos problemas, mesmo não os tendo.

Após uma hora de reunião, o professor regente começou a entregar os boletins com as primeiras notas, ou seja, as notas do primeiro trimestre da 5ª série . Confesso que eu estava um pouco apreensivo, pois a esta altura eu já havia esquecido de todo o acompanhamento das provas e "Temas de Casa" que eu havia feito com a minha filha nos últimos três meses, achando-me um pai completamente relapso, por não ver e apontar os problemas apontados pelos outros pais.

Quando eu olhei o boletim dela, fiquei todo orgulhoso. A menor nota dela foi 9,0, e ainda por cima em Educação Física. O restante eram todas notas acima de 9,0, sendo que em geografia a nota dela foi 10,0, e em matemática foi 9,4. Porém, nem todos os alunos tiveram essas notas. A melhor amiguinha dela no colégio, por exemplo, ficou com 6,5 em matemática.

Fiquei todo orgulhoso da minha Nathália, pois eu sempre fui assim no colégio também, e sempre procurei ser aquele aluno para o qual os professores estavam ministrando as aulas. Esse compromisso com os estudos ela herdou de mim, ou de alguma forma eu consegui passar para ela com meu exemplo.

Foi neste dia que contei a ela a história ou estória que haviam me contado no ensino fundamental, ou seja, para que ela sempre se esforçasse em seus estudos, de modo que as aulas que os professores fossem dar, todos os dias, fossem para ela e não para os outros.

Confesso que eu nunca forcei nada, nem sequer precisei mandar minha filha algum dia estudar ou fazer algum "Tema de Casa". Talvez, ela sempre ouviu os outros falarem o que eu havia feito como estudante, ou viu o que eu sempre fiz nos cursos de especialização, que foi o que ela acompanhou.

Muitos pais dizem:

- Eu não quero que meu filho seja o melhor, ou um dos melhores alunos da aula, basta estar na média.

Mas aquela história ou estória que me foi contada na idade da minha filha, nunca saiu da minha cabeça, e sempre me rendeu bons resultados.

Talvez, alguns digam que o estudo não seja a garantia de sucesso profissional, mas posso afirmar que sem o estudo a caminhada fica muito mais difícil.

Cultura nunca é demais, e devemos sempre procurar a excelência, nem que seja para sermos pessoas com conteúdo.

Parabéns, minha filhota!!! Continue sempre assim!!! O Papai tem muito orgulho de ti!!!



Foto: Internet

terça-feira, 1 de junho de 2010

Lei do Photoshop prevê multa de R$ 50 mil.



O projeto de Lei 6.853/10, do deputado Wladimir Costa, que ainda está em análise na Câmara dos Deputados, poderá tornar obrigatório um aviso em anúncios publicitários que usem imagens manipuladas nas peças. Segundo o deputado, o objetivo da lei é "acabar com a idealização do corpo humano pela publicidade". O texto original da lei prevê multa de até R$ 50 mil para quem desobedecer.


Fonte: Revista Fotografe Melhor
Nº 164 - Maio 2010


Fotos: Internet