domingo, 18 de janeiro de 2009

Dar esmola ou não: eis a questão.

Há muito tempo que eu penso sobre essa questão.

A verdade é que andando pelas ruas, principalmente do centro de Porto Alegre, a cada 100 metros tem uma pessoa pedindo esmola. Às vezes, nota-se que são pessoas de boa forma física, jovens, porém sujas e vestidos com roupas de mendigos para impressionar as pessoas a qual estão pedindo.

Tomei conhecimento que existem abrigos para mendigos em Porto Alegre, bem como nas principais cidades do Brasil, mas pergunta se os mendigos gostam desses abrigos? Claro que não. Lá eles tem que tomar banho, dormir cedo e acordar cedo, pois cedinho eles tem que voltar para a rua. De uma certa forma, eles não gostam de disciplina, ninguém gosta, ainda mais quando é imposta. Então, eles preferem ficar na rua, pois dormem onde querem, à hora que querem, e podem fazer o que quiser.

Certa vez, um motorista de táxi contou-me que levava e trazia todos os dias uma senhora de uma vila para uma rua movimentada de Porto Alegre, onde ela guardava carros. O preço da corrida da vila para o seu local de trabalho era de R$ 80,00 por dia, R$ 40,00 ida e R$ 40,00 volta, aproximadamente. Não precisa ser um grande matemático para calcular o gasto mensal dessa "mendiga". Vamos supor que essa criatura só trabalhe de segunda à sexta, porque todos nós merecemos um final de semana de descanso, né? Pois é, isso representa uma despesa de condução ao trabalho de R$ 1.600,00 mensais. E porque ela não anda de ônibus, eu me perguntei? Assim, poderia aumentar seu faturamento. Você teria esse gasto mensal de condução ao trabalho? Eu prefiro acreditar que essa pessoa é burra, ou até mesmo que isso não passou de uma história de taxista, para poder todo o dia cedo sair para trabalhar sem culpa. Mas a pergunta que não quer calar é: qual é o faturamento mensal dessa mendiga, então?

Na rua do prédio do meu local de trabalho, existe um rapaz chamado Nerso, eu diria que é Nelson, mas ele se intula Nerso. Ele guarda os carros do funcionários que estacionam em frente ao prédio. O Nerso, além da guarda dos carros, lava os veículos também para aumentar a renda do seu negócio. Não sei quanto é o faturamento do Nerso, mas sei que o pessoal, além de dar no mínimo um real por dia para ele pelo serviço de guarda do carro, faz doações de roupas e sapatos. Só sei que o Nerso é separado e paga pensão para três crianças com idade de até 10 anos.

Sei que como todo o profissonal liberal, o Nerso também deve atrasar a pensão alimentícia. Quando isso acontece, a mãe dos filhos dele vai lá para o local de trabalho dele (a rua), na frente do prédio onde trabalho, que deve ter uns 100 funcionários, sobe em uma pedra com as três crianças ao seu lado, e de frente para o prédio começa a dar o seu famoso discurso desmoralizando o Nerso. Quando isso acontece, todos os funcionários vêm para as janelas do prédio e se divertem com a situação. E a mãe dos filhos do Nerso só para quando ele dá uma grana para ela. Quanto será que ele deve dar a ela para ficar quieta, satisfeita e ir embora? Pouca coisa é que não deve ser, né?

Ainda sobre o Nerso, isso ninguém me contou, eu mesmo presenciei. O Nerso estava com seus três filhos, e um deles, que não deveria ter mais do que 5 anos de idade, estava correndo e mexendo com as pessoas que passavam pela rua. O Nerso disse ao filho: "Se você não tiver educação com as pessoas, ninguém vai te dar nada na vida". Preciso dizer mais alguma coisa sobre esse incidente?

Existem também aqueles mendigos que são deficientes físicos e usam a sua deficiência para comover as pessoas.

Um desses deficientes é famoso no centro de Porto Alegre por ter "uma bola" no rosto do tamnho de uma bola de tênis. Todo mundo fica impressionado com a deformação facial e acaba dando esmola ao infeliz.

Um médico cirurgião plástico, certa vez, ofereceu ao homem uma cirurgia plástica reparadora gratuita para retirar aquela deformação facial. Você acha que ele aceitou? Claro que não. Isso iria deixá-lo desempregado, pois iria acabar com o seu instrumento de trabalho.

Quando você fala sobre trabalho a um desses pedintes, o que você acha que seria a reação deles? Experimentem, pois eu já experimentei. É como se fosse uma ofensa.

Quando eu era pequeno e morava numa cidade do interior do RS chamada Montenegro, uma pedinte jovem, com uns 20 e poucos anos, bateu na porta da nossa casa para pedir esmola. Tínhamos acabado de almoçar em um sábado à tarde, e minha mãe estava com a pia cheia de louça suja. Como a esmoleira tinha uma boa aparência e não estava suja, minha mãe propôs que ela lavasse a louça, pois além de efetuar um pagamento em dinheiro, daria a ela comida e permitiria que ela tomasse um banho. Sabe o que aconteceu? A esmoleira saiu brava e blasfemiando contra a minha mãe.

Eu não dou esmola em dinheiro em hipótese alguma. Em casos muito especiais, eu compro e dou um prato de comida para um indigente idoso, ou ajudaria uma instituição idônea de crianças com doenças mentais, tipo APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), pois esses não tem condição nenhuma de trabalho, por serem pessoas especiais. E mesmo assim, a instituição tem que ser muito idônea, haja vista que vivemos no Brasil, um país onde pessoas roubam donativos destinados à vítimas de enchentes, como o episódio que aconteceu em Santa Catarina.

Aqui em Porto Alegre, uma campanha publicitária de uma rede de televisão patrocina a campanha: ESMOLA NÃO.

E você? Dá ou não dá esmola?

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