domingo, 28 de abril de 2013

Carta à Anna.



Oi Prima!


A última vez que nos vimos foi em uma festa que organizaste para todos da família "PINTO". Lembro-me que me ligaste, convidando-me para uma festa na casa do Tio Gelson, com o objetivo de reunir todos os tios, primos e sobrinhos da família. Aliás, essa sempre foi uma característica tua, ou seja, a de aproximar e reunir a todos. Essa festa foi no ano passado. Lembro que tinha tanta gente e muitas pessoas tinham que ser apresentadas, devido aos anos passados. Os tios e primos que cresceram juntos eram fáceis de serem reconhecidos, porém, os sobrinos netos e até sobrinhos bisnetos que há 20 anos atrás, ou mais, eram pequeninhos, ou não eram nascidos, e que agora estavam adultos, seriam impossíveis de serem reconhecidos. Foi um churrasco que aqui no sul a gente chama de "encosta carne", ou seja, cada um levou sua carne, ou melhor, seu galeto, que foi para facilitar as coisas, e assamos tudo na mesma churrasqueira. Havia tantos espetos a serem assados, que foi necessário acender as duas churrasqueiras da casa do Tio Gelson para se fazer o churrasco. Cheguei a levar a minha câmera fotográfica para documentar o evento, mas, em geral, quem fotografa tem sua participação um pouco prejudicada. Por isso, fiz poucas fotos, pois foi impossível não participar ativamente da festa e, mesmo assim, foi difícil conversar com todos, pois havia muitos assuntos a serem colocados em dia e lembranças a serem lembradas, já que havia se passado muitos anos e nunca alguém havia conseguido reunir tanta gente da família como tu conseguiste. Deveríamos ter feito uma foto de toda a família reunida, o que, infelizmente, ficou para o próximo evento. Mas será que caberiam todos na mesma foto, prima? Muito obrigado por esse presente que tu proporcionaste a todos nós.

Pela grande proximidade que sempre tiveste com minha mãe, de uma certa forma, sempre te considerei como a irmã mais velha que, biologicamente, não tive. Confesso-te que, às vezes, batia um certo ciúme em mim com relação a ti e minha mãe, quando ela dizia, por exemplo, que o antigo relógio de pêndulo da sala dela e o espelho de cristal da Boêmia, que eram heranças deixadas por nossos avós e padrinhos à minha mãe, seriam heranças para ti. Acredita, prima? Enfim, tu foste a filha mais velha que minha mãe não teve e uma verdadeira irmã para mim e meu irmão.

Quantas lembranças maravilhosas temos da nossa infância, hein? Sempre que nos encontrávamos essas lembranças vinham à tona. Os veraneios na propriedade do vô Waldemar, na Ponta Grossa, os passeios na lancha do Tio Gelson, os natais em família, em que a vó Celina tinha o maior prazer de fazer para todos nós netos, os veraneios em Tramandaí, enfim, tivemos uma infância juntos que poucos puderam ter.

A correria do dia a dia fez que nos encontrássemos pouco nos últimos anos, mas tu sempre dava um jeitinho de visitar todo mundo ou reunir a família em grandes eventos. Em todas as comemorações importantes da minha vida, tua presença sempre foi obrigatória, marcante, e tu sempre fez-te presente.

Sempre tive vontade de dizer o quanto te admirei como mulher batalhadora, guerreira e independente. Uma mulher, realmente, forte e à frente de seu tempo. Sempre lutaste com coragem nessa vida, como poucas mulheres o fazem, e formaste uma família linda com o Zé e teus três filhos. Tiveste conquistas legais, muitos sonhos realizados, e todos méritos teus, prima! Foste um grande exemplo para todos os teus amigos e para tua família.

Cheguei a comentar com tuas irmãs (Marinice e Márcia), que sempre imaginei que, assim como crescemos juntos na infância, envenheceríamos juntos, e que quando estivéssemos bem velhinhos, fôssemos nos despendindo todos mais ou menos na mesma época. Mas nem sempre é a nossa vontade que prevalece, mas, sim, a vontade do grande Pai.

Sei que deixa-nos prematuramente e de uma forma inesperada. Confesso-te que, às vezes, eu ainda não acredito, prima! Mas enfim, foi assim que Deus quis. Sei que onde estiveres, estarás bem, e vais encontrar os nossos queridos avós e padrinhos, Waldemar e Celina, bem como teus pais e irmão.

Pela última vez, reuniste a todos em tua despedida, que só mostrou como tu foste querida por todos os teus familiares e amigos. Conseguiste reunir em um só lugar, ao mesmo tempo, pessoas que eu não imaginava que seriam reunidas. Só tu, mesmo, para realizar tal façanha, querida prima!

Agora, tu vais brilhar como uma estrela no céu, como brilhaste nessa vida e como sempre brilhará nos corações de todos nós.

O que me conforta um pouco é que um dia, inevitavelmente, vamos nos encontrar novamente.

Foi um privilégio ter tido o teu convívio nessa vida, prima amada! Deixas uma lacuna e dor irreparáveis.


Adeus, Anninha! Até um dia!

Saudades eternas.

Paulo.
 


2 comentários:

  1. Meus pêsames Paulo. Uma perda muito significativa. Que Deus te console.

    Beijos no coração
    Carolina

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  2. Carol!

    Uma mensagem como essa tua já acalenta em muito meu coração.
    Vc está sempre prestigiando meu blog com tuas mensagens de carinho e belos comentários.
    Muito obrigado pelo carinho e consideração de sempre!

    Beijo grande.

    Paulo.

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