sábado, 10 de julho de 2010

Retratos de uma vida.

Um dia desses, mexendo no armário, encontrei uma verdadeira raridade, a qual eu não via há anos: meu álbum de fotografias de infância. Cresci vendo esse álbum de fotografias sendo construído pela minha mãe. É um álbum antigo, azul escuro, com a capa toda trabalhada, com dois cordões bonitos, trançados, na margem, e com folhas do tipo cartolina de cor cinza, onde são coladas as fotos. O álbum acompanhou a evolução da fotografia analógica, pois a maioria das fotos são em preto e branco, e somente algumas são coloridas. Na contracapa do álbum, há um pequeno envelope com a aba colada, e dentro deste estão meus primeiros cachinhos de criança, o que representa uma verdadeira relíquia para mim. Há, também, um envelope com cartão de visitas de meu falecido avô materno, que foi meu padrinho de batismo, a qual no verso tinha uma mensagem de felicitações da minha chegada ao mundo, cartão este que acompanhou as primeiras flores que minha mãe recebeu no quarto do hospital. Minha mãe sempre guardou esse álbum com muito carinho, e mostrava-me em algumas ocasiões muito especiais, quando queria relembrar os meus momentos de infância, ou quando surgia a oportunidade de mostrá-lo para alguém. Registra desde os meus primeiros instantes de vida até o dia da minha formutura na universidade, no curso de Engenharia Civil. Depois da formatura, ela parou de fazê-lo. Sempre dizia que quando eu saísse de casa, que eu levaria o álbum comigo.

Saí da casa dos meus pais no dia do meu casamento, e antes de sair com minha mala pela porta, lá estava minha mãe segurando o álbum com as duas mãos, quando me disse: - Filho!!! - Leva contigo a tua história de vida até hoje. Fiquei emocionado, peguei o álbum, coloquei-o na mala, e fui-me. Esse filme veio-me à mente no instante em que descobri esse álbum no armário. Folhando-o, e vendo as minhas fotos, fiz uma viagem de volta ao tempo, relembrando toda a minha infância e adolescência em menos de uma hora. Foi muito gostoso. Parece que foi ontem, e deu uma saudade gostosa, não de voltar àquele tempo, mas de sentir um pouco das emoções vividas.

A fotografia tem essa capacidade, a de reviver emoções um dia sentidas. E as emoções nos transportam ao passado, não fisicamente, mas emocionalmente. Nos primórdios da fotografia, as pessoas acreditavam que uma película era capaz de capturar a alma das pessoas, e foi o que eu senti ao reviver meu passado através das emoções revividas.

Quando minha filha nasceu, recém estavam surgindo as primeiras câmeras digitais, e eu nunca havia me permtido comprar uma, apesar de gostar muito de fotografia desde os 19 anos de idade, mas isso é uma outra história, que um dia, quem sabe, eu conto. Apesar disso, fiz muitos registros fotográficos de minha filha, desde a sua infância até hoje, com câmeras digitais emprestadas, com uma pequena webcam que eu tive, que realizava fotos muito boas, e com a câmera do celular, a qual também fazia fotos excelentes. Hoje, eu tenho uma boa câmera, e não me canso de registrar todos os momentos em que minha filha está comigo.

Eu sei que montar álbuns fotográficos com a história de filhos é coisa de mãe, mas eu estou fazendo isso como pai. Já vi mães que registram a história de seus filhos, alguns deles, inclusive, que não conheceram ou convivem com seus pais biológicos, mas que possuem fotos do pai no álbum. Isso é lindo! É um ato de amor da mãe para com seu filho, que tem o direito de ter sua história registrada, de ter fotos de seu pai, independente do desafeto da mulher com esse homem, mesmo este não merecendo ser lembrado.

Em algum momento vou presentear minha filha com um registro de sua história. Ainda não sei em que momento isso vai acontecer. Não sei se vai ser um álbum com fotos impressas, um conjunto de CDs ou DVDs, ou um HD externo. Mas em algum momento vou dar essa missão como cumprida. Até lá, vou compartilhar com ela os seus melhores momentos, através de slides shows, filmes, e fotos avulsas, assim como fez minha mãe comigo, com aquele velho álbum.

A seguir, apresento um slide show com algumas fotos, na idade de 11 anos, de minha filha, e que são parte do seu arquivo pessoal, a qual estou construindo para ela:

14 comentários:

  1. Oi Paulo, emocionante post sobre fotografia, paixão em comum, certamente sua alma foi capturada e poeticamente exposta.
    Lindinha demais a Nathália, parabéns!

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  2. Fotografar é algo fantástico. Lembrei dos álbuns de antigamente, que ainda resistem ao tempo.

    Essa experiência de mãe pra filho e agora de pai pra filha é que faz uma história ter suas coleções.

    Muito bacana as coisas que você disse sobre mim e Rebeca.

    abraço e até mais.

    Jota Cê

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  3. Nossa...escrevi tanto e sumiu....rs

    Vamos outra vez!
    Queria agradecer antes de mais nada todas as palavras que vc escreveu para mim. Bálsamo! Obrigada mesmo.

    Fui lendo seu texto e me transportando para o dia que minha mãe também me entregou meus álbuns de foto junto com um livro de registro de visitas na maternidade e algumas fotos! Nesse dia, eu também estava saindo de casa. O olhar dela...o abraço e o choro que foi inevitável.

    Quem foi que disse que a confecção desses álbuns só pode ser tarefa das mães?....rs
    Que bom que a Nathália tem um pai que está fazendo isso e que sabe que em cada momento ali eternizado em um "clic" está uma lembrança especial, um instante tão "bobo", mas tão nosso e tão importante.
    Um dia, ela terá tudo isso nas mãos, como presente de amor e ternura e saberá, mais uma vez, de uma outra forma, o quanto é amada e querida.

    Paulo, seu coração saberá o momento certo de entregar tudo isso a Nathália e ela estará pronta para receber.

    Em tempo...ela é uma boneca!

    Beijo grande pra vc! Obrigada de novo!

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  4. como sempre emocionando, Navegador...
    adoro fotos, sinto falta de muita coisa, as fotos ajudam, os sentimentos tb...mas é uma saudade gostosa, do tipo missão cumprida.
    Lindo post. Bjos enormes.

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  5. Paulo,
    Adoro fotografias e também sempre adorei fotografar meu filho. Hoje, ele mesmo faz isso (rs)!
    A fotografia tem grande poder de fazer-nos rir, chorar e viajar no tempo.
    A Nathália é uma princesinha!
    Vi uma foto dela tocando flauta... é da apresentação da música Ensamble? Lembro que ela comentou em meu blog a respeito dos ensaios e apresentação no colégio.
    BjO* querido!

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  6. Sua filha é linda como uma princesa, o post então, maravilhoso!Tbm gosto mto de fotografia e tenho um álbum da minha gatinha em construção sempre!O pai dela não convive conosco, mas faço questão de manter sim fotos dele no álbum.Me senti tão bem ao ler ali encima que isso é um ato de amor para com minha filha, não que eu não soubesse... mas é que qdo uma outra pessoa nos aponta, fica mais evidente! Gde abraço !

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  7. Ótimo texto, lindo vídeo, e assim vamos deixando as nossas marcas. Com carinho, com saudade, com um pedacinho de nós em cada história.
    Adorei o seu post, Paulo!
    Beijos!

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  8. Paulo,


    Um texto lindo,comovente,brilhante,desses que nos fazem sentir presentes na história, participando dela,(se emocionando),é como se você contasse e eu estivesse ali de pertinho ouvindo...


    Que coisa linda, ainda mais esse vídeo para(sua filha) mimar o postado!Coisa para se guardar, para sempre!


    Fiquei escantada com tua sensibilidade!



    Um abraço, Marluce


    PS: muito grata por tuas palavras!O-BRI-GA-DA!

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  9. "Eu sei que montar álbuns fotográficos com a história de filhos é coisa de mãe, mas eu estou fazendo isso como pai. Já vi mães que registram a história de seus filhos, alguns deles, inclusive, que não conheceram ou convivem com seus pais biológicos, mas que possuem fotos do pai no álbum. Isso é lindo! É um ato de amor da mãe para com seu filho, que tem o direito de ter sua história registrada, de ter fotos de seu pai, independente do desafeto da mulher com esse homem, mesmo este não merecendo ser lembrado"

    Paulo, pai lindo, dedicado da doce Nathalia.
    Li todo o seu texto, retratas sua história de vida com perfeição.
    Meu querido, fico encantada! e orgulhosa em fazer contatos com um homem notável como você.
    Verdade! essa menina não poderia ter um pai melhor que você! não poderia! certeza do que estou a dizer.
    Parabéns! admiração pela pessoa que é.
    A sua história está maravilhosa! visualizei sua mãe, no exato momento da entrega de sua valiosa história de vida. Ali ela estava já lhe entregando seus valores de criação.Um troféu, registros reais de sua história.É é por isso, que hoje pretende fazer o mesmo com sua filha querida. Encantada fico em ler fragmentos de sua história de vida.

    Agora vou lhe dizer pq selecionei o parágrafo acima citado.Chamou minha atenção! alí está contido tudo que vc realmente queria dizer.
    Sugiro que faça sempre assim. Derrame suas palavras!

    A propósito, o vídeo ficou muito bom! tive o prazer de conhecer mais um pouco, quem é essa menina prodígia. Como não brilhar os olhos meu caro!? sorrio.

    PS: não tenho visitado o seu bar pq não estava bem, ainda estou um tantinho tristonha, e sem inspiração. Espero e desejo que passe, ficarei bem e serei mais assídua.

    Abraço e beijo carinhoso meus pra você!

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  10. Seu post caiu como uma luva pra mim. Estava eu esta semana dando uma geral no armário quando encontrei minha roupa de primeira comunhão, a camiseta de escola da 4o.série, que na época significava ultimo ano do primário, e tantas outras coisas que guardei de lembrança. Mas me dei conta que tudo isso estava registrado em fotos, enquanto os objetos amarelaram e mofaram, as fotos continuavam ali intactas para sempre me fazerem lembrar destes momentos que foram tão especiais para mim. Obrigada pelo seu post, foi tudo que eu queria dizer naquele momento.
    Beijinhos

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  11. Paulo, meu querido.
    Primeiro, vim agradecer as palavras carinhosas no meu blog. Se vc soubesse como gosto dessa troca de carinho.
    Segundo, entrei aqui e já fiquei em estado de "Encantamento".
    Sabe aquela sensação de entrar em um lugar e se sentir em casa?
    Lendo esse seu texto, me transportei ao passado.
    Não tive um albúm de fotografia, infelizmente na época em que nasci, as coisas, a vida não era muito boa para os meus pais. Mas a única foto que tenho, essa anda comigo...me emociono, choro, me transporto.
    Tenho uma filha, de 16 anos. Meu TUDO.
    E quando a giovanna nasceu, eu fiz esse albúm a ela. Assim como sua mãe.
    Ela tem uma pasta, onde guardo o cordão umbilical, todas as guias de internação, teste do pézinho, enfins, até a história contada de como foi toda a minha gravidez, até o dia do nascimento dela. As primeiras roupinhas, o dentinho que caiu, e as fotos.
    Realmente, é mágico esse lance de fotografia.
    A gente tem sempre coisas boas pra lembrar, e isso ao meu ver, dá uma sensação tão boa, onde a gente compara tantas coisas, e vê tudo que viveu, e o quanto amadureceu.
    Independente, de eu não estar com o pai dela, tendo esse arquivo todo que ela tem, ela sabe o quando foi amada, querida, desejada.
    Lindoooooo texto, me emocinou muitoooo.
    Quero muito navegar nesse bar, e a vontade era de ficar horas a fio dizendo tantas coisas.
    (Não liga, eu falo muito rs).
    Obrigada viu, por me (nos) presentear com um texto lotado de emoção.
    Te acompanho, e já te admiro.

    Um abraço meu!

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  12. Ola, vim conhecer seu blog e adorei!
    Esse slide show, ficou sensacional, um presente lindo pra sua filha.

    Seu blog é muito bom,estarei sempre por aqui!
    Bjs

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  13. Paulo,trouxe-lhe...
    Abraço carinhoso.
    Excelente domingo!

    IT

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