Adeus ao Tio Paulo...

Oi Tio Paulo... Que coisa, hein...???

Fiquei sabendo só hoje que você partiu dessa vida.

Ninguém tinha me avisado, pois não falo com meus pais desde antes do Natal.

Fiquei sabendo que você partiu da forma mais dolorida, com muita dor e com muito sofrimento. Digo que é a forma mais dolorida que alguém pode partir, pois além da dor física, fiquei sabendo que você estava muito magro e debilitado, que não comia mais, e ainda por cima sem as lembranças de sua vida. Esse “Mal de Alzeimer” é cruel, mesmo...!!!

O mundo deveria preocupar-se mais com essa doença. Lembro de uma frase do Dr. Dráuzio Varella que dizia mais ou menos assim: “Hoje fazem mais pesquisas para prolongar a virilidade masculina e para o desenvolvimento de cirurgias plásticas de seios para mulheres, do que para o “Mal de Alzeimer. Em um futuro muito próximo teremos velhos de pau duro e velhas tetudas e eles não vão saber para que servem essas coisas”.

Mas nesse último Adeus, gostaria de falar das lembranças que tenho suas, e que vou levá-las para o resto da minha vida.

Tivemos muito pouco contato, pois meu pai se estabeleceu no Rio Grande do Sul, e você continuou em São Paulo. Aliás, lembro que você sempre dizia que São Paulo pode ter uma poluição imensa, mas que você nunca sairia dessa cidade.

Das poucas vezes que tive em São Paulo, lembro de quando eu era pequeno e você ainda era solteiro, que você morava na casa de meus avós e brincava comigo. Lembro que você me emprestava sua bicicleta para andar, e que era uma bicicleta toda equipada com farol e uma campainha como buzina. Eu achava aquela sua bicicleta o máximo, sabia Tio?

Lembro também que você tinha um fusca e que já namorava Tia Marina.

Também lembro da vez que você esteve em Montenegro, quando era recém casado, e que tinha um Chevette todo incrementado.

Mas a maior lembrança que trago comigo foi a da última vez que nos encontramos em São Paulo, e que combinamos de passarmos o dia juntos. Era janeiro de 1994, e eu estava mais de vinte dias em São Paulo, hospedado na casa de Tia Néia, pois estava fiscalizando uma obra. Você foi lá na casa da Tia Néia para me fazer uma visita, num domingo. Combinamos de passarmos o dia juntos numa quinta-feira, já que era feriado, pois era aniversário da Cidade de São Paulo.

No feriado, conforme combinado, peguei um ônibus e você ficou me esperando em uma parada próxima ao seu apartamento na Aclimação, onde você sempre morou desde que casou. Quando desembarquei na parada, você já estava lá me esperando. Fomos a um bar próximo da sua casa, tomamos uma cerveja juntos, aliás varias (….rs), e conversamos muito. Falei da minha vida, dos meus planos, e de como estavam todos aqui no RS. Falamos sobre coisas diversas, das suas meninas e de sua vida também. Depois, fomos almoçar na sua casa, pois tinha uma comidinha preparada nos esperando, e foi só esquentá-la.

Almoçamos e passamos o resto do dia juntos na sala do seu apartamento, conversando, e eu quase não vi o dia passar.

Lembro da meninas pequenas à sua volta, sempre te abraçando e te beijando. Fiquei impressionado de como as meninas (Daniele e Viviane) eram carinhosas e apegadas a você.

No meio da tarde chegou Tia Marina, e conversamos muito sobre as nossas lembranças do passado e sobre os acontecimentos de nossas vidas, pois havia muitos anos que não nos falávamos, e tínhamos muito o que falar.

No início da noite chegou a prima Elaine, que é a sua filha mais velha, e que já era uma mulher na época, pois lembro dela bem pequenininha. O tempo passa, Tio, e como passa....

Hoje, Dani e Vivi são umas mulheres lindas. As conheço só por fotos. A última vez que falei com as duas foi pela internet, no MSN, e elas estavam fazendo faculdade. Devem até ter se formado, pois faz muito tempo que não tenho notícias delas.

A última imagem sua que eu tenho, foi quando eu vim embora para Porto Alegre, nessa última viagem que relatei, e estava pegando o ônibus executivo que sai do centro da cidade para o aeroporto de Guarulhos, e você estava lá, cedinho, para se despedir de mim. A vida é muito ingrata, pois te confesso que eu não imaginava que seria a última vez que nos veríamos nessa vida. Lembro do ônibus partindo e você me abanando.

Pois é, Tio Paulo!!! Soube que você partiu no dia 24/12, na véspera de Natal, e que foi velado no dia 25/12.

Seja onde você estiver, espero que esteja bem e em paz, junto de Deus e de todos aqueles que já partiram. Foi um orgulho muito grande em ser seu sobrinho, e eu jamais te esquecerei, pois meu pai escolheu meu nome em sua homenagem.

Tenho fé que um dia todos nós nos encontremos do outro lado da vida, e que quando chegar a minha hora de partir encontrarei todos aqueles que já partiram, como você, meus avós e o Tio René (Dudu).

Então, Tio Paulo,

Um até breve...

Do seu sempre sobrinho,

Paulo.