Hoje em dia ainda existe um preconceito muito grande com relação a psicologia e a psiquiatria.
Eu, particularmente, ainda tenho um certo preconceito com a psiquiatria, pois ainda acho que a mesma é direcionada exclusivamente ao tratamento de deficiências químicas do cérebro, por serem médicos, os psiquiatras. Esse preconceito se desfez um pouco quando li Flávio Gikovate, que é um médico psiquiatra com uma linguagem muito acessível ao público leigo.
No Livro “Homem - O Sexo Frágil?”, Gikovate descreve toda a psicologia masculina desde o nascimento do menino, sua adolescência, idade adulta, até a velhice. É um livro de uma linguagem muito simples, que abre a “caixa preta” do universo masculino, e que eu recomendo tanto para os homens que querem se conhecer melhor, quanto para as mulheres, dando a elas condições de entender melhor os homens. Mas Flávio Gikovate não acabou totalmente com meu preconceito com relação aos psiquiatras, pois ele deve ser uma exceção. Prefiro a psicologia e a psicanálise. Talvez, algum profissional possa fazer-me mudar de idéia de que os psiquiatras não são especialistas em psicoterapia, sendo que esta, com certeza, deve ser uma idéia completamente distorcida que eu ainda tenho.
Mas a psicologia eu acho fantástica, contrariando a maioria das pessoas que acham que psicólogo é recomendado para loucos e desequilibrados.
Certa vez, perguntei para uma psicóloga amiga minha sobre quem deveria fazer psicoterapia. Ela respondeu-me o seguinte: “Quem teve pai e mãe deve se tratar”.
Na verdade, todas as pessoas tiveram seus traumas de infância, adolescência e ainda os tem até mesmo na fase adulta. Passamos uma vida inteira como um barco à deriva, sem sequer nos conhecermos, colocando toda a culpa de nossos medos e frustrações no outro, sem olharmos para dentro de nós mesmos. Com certeza, as pessoas não se conhecem a si próprias.
Segundo a “Janela de Johari”, que é uma ferramenta conceitual, criada por Joseph Luft e Harrington Ingham em 1955, que tem como objetivo auxiliar no entendimento da comunicação interpessoal e nos relacionamentos com um grupo, temos quatro “Eus”: o Eu Aberto, o Eu Secreto, o Eu Cego e o Eu Inconsciente.
O Eu Aberto é aquele que você conhece e todo mundo conhece. Você pensa que grande parte desse “Eu” é você.
O Eu Secreto é aquele que só você conhece e que os outros não conhecem. Nesse “Eu” estão suas coisas conscientes mais íntimas, apesar de que você acaba em algum momento mostrando esse “Eu”, sem querer, para as outras pessoas.
O Eu Cego é aquele que as outras pessoas conhecem e você não conhece. É como as pessoas lhe percebem, e você não sabe que é percebido dessa maneira. Uma boa analogia para entender-se o Eu Cego é quando você estranha o tom de sua voz em uma gravação, ou se vê em um filme. Não sei você, mas eu sempre me acho estranho nessas situações físicas. Sempre acho que aquele não sou eu, que me movimento diferente, que sou mais magro ou que tenho a voz diferente. E isso é físico, imagina o psicológico.
O Eu Inconsciente, sim, é o mais perigoso, pois é aquele que você não conhece, e nem os outros conhecem. É um “Eu” que surpreende ou surpreenderá você e os outros em algum momento de sua vida.
Para conhecer o seu “Eu Cego”, você tem que estar disposto a receber “feedback” das outras pessoas. E não é fácil dar e receber “feedback”.
O seu Eu Inconsciente, então, para conhecê-lo seria impossível para leigos, pois essas pessoas não tem o preparo de um psicólogo para poder fazer uma leitura precisa desse Eu.
Por isso a importância de um profissional como um psicólogo para fazer as perguntas certas, e você encontrar as suas melhores respostas.
Tenho notado que pessoas que fazem psicoterapia são pessoas muito humanizadas, equilibradas e com uma visão de mundo excelente, pois conhecem muito de si mesmas, e tem uma compreensão das coisas, diferente das outras pessoas. São pessoas que, em conflitos de relacionamento, sabem reconhecer a sua parcela de contribuição.
Em geral, as pessoas acham que a psicoterapia demora muitos anos, pois querem se conhecer em uma ou duas sessões. Realmente, demora muitos anos ou toda uma vida. As pessoas vivem 30, 40 ou até 50 anos navegando psicologicamente a deriva pela vida, sem se conhecerem, e acham que podem achar suas respostas em uma meia dúzia de sessões. Isso não faz sentido. E o mais interessante é que as pessoas adoram falar de seus problemas para os amigos, pedindo opiniões deles, sendo que assim corre-se o risco de algum dia o livro de sua vida estar espalhado pelo mundo como um tablóide de fofocas.
Eu sempre que possível incentivo as pessoas a se darem essa oportunidade, ou fazerem esse investimento na psicoterapia para procurarem um melhor conhecimento de si mesmas.
Assim, com certeza, teremos seres humanos mais organizados e equilibrados, relacionamentos humanos mais saudáveis e, principalmente, menos loucos nesse mundo.
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