domingo, 21 de junho de 2009

Jovem, meia-idade ou velho? Qual é a melhor idade?



Certa vez durante uma viagem, quando eu me encontrava na sala de embarque de um aeoporto, chamou-me atenção a maneira como os funcionários da companhia aérea se referiram às pessoas com mais de sessenta anos de idade, por ocasião da chamada para o embarque: pessoas da melhor idade. Desde então, comecei a reparar que os Bancos, também, se referem a essa faixa etária dessa maneira.

Em primeiro lugar, eu acho um grande preconceito da sociedade em estipular que o início da velhice começa aos sessenta anos. E por que ser velho é estar na melhor idade? Na verdade, essa foi uma maneira rídicula de fazer-se um elogio a uma faixa etária, sendo sutilmente preconceituoso.

A partir desse dia passei a perguntar-me: o que é ser velho e qual é a melhor idade?

Se você considerar somente que ser velho é ter uma idade avançada, e que a expectativa média de vida do brasileiro atingiu a marca de 71,9 anos, segundo mostra a pesquisa Tábua de Vida 2005 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), diríamos que as pessoas atingiriam a meia-idade aos 36 anos. Segundo o dicionário, a definição de meia-idade é mais pessimista ainda, pois diz que a meia-idade é a faixa compreendida entre 30 e 50 anos, ou seja, a partir dos 50 anos a pessoa entraria na velhice.

Mas vamos voltar a primeira pergunta: o que é ser velho? Segundo o mesmo dicionário, ser velho é ser antigo, obsoleto, antiquado, e seria a designação dada às pessoas que não praticam atos de gente moça.

Vejam só a incoerência da definição: o que seria, então, uma pessoa com mais de 50 anos? Moderna, atual, ou até mesmo de vanguarda? Jovem, meia-idade, ou velho?

Eu, particularmente, não classifico as pessoas segundo sua idade cronológica, ou seja, não as classifico em nenhuma dessas três faixas etárias. Se a pessoa é atual, não é obsoleta, acompanha as novas tendências de moda, música e tecnologia, e vive de acordo com o presente, não cultuando o passado, eu diria que essa pessoa é uma pessoa jovem ou moderna. Se é um visionário, ou seja, se está a frente do seu tempo, eu diria que é uma pessoa de vanguarda, e isso nada tem a ver com a idade cronológica. Isso também não quer dizer que a pessoa não possa gostar do antigo e do novo ao mesmo tempo.

Quando lembro que Oscar Niemeyer casou-se novamente aos 90 anos, e que Roberto Marinho fundou a Rede Globo aos 60 anos, mais convenço-me que a idade cronológica nada importa.

Um dia ouvi um amigo felicitar uma pessoa, que era um grande amigo de seu pai, por telefone, por ocasião do seu aniversário. O aniversariante dizia que ao completar 90 anos estava muito bem de saúde e sentia-se um jovem, ao contrário de um amigo seu que tinha 70 anos, e achava que a vida tinha acabado para ele. O nonagenário disse para o amigo, que tinha 70 anos, que o septuagenário tinha uma vida pela frente.

Assim, não existem pessoas jovens, de meia-idade, ou velhas, segundo a idade cronológica. Existem, sim, jovens que são velhos ou de meia-idade, e pessoas velhas ou de meia-idade que são jovens.

E qual a seria a melhor idade, então?

Para responder a essa pergunta, eu gostaria de lembrar uma sensação a qual todos nós passamos ao longo de nossas vidas.

Quando somos adolescentes achamos que quando fizermos trinta anos estaremos velhos e acabados. Os trinta anos chegam, vemos que nos sentimos bem, e desfrutamos dessa época em sua plenitude. Com a chegada dos quarenta anos, pensamos que muita coisa vai mudar, que o mundo vai acabar, e ainda sim continuamos a nos sentir maravilhosamente bem, dizendo que a vida começa aos 40. Aliás, essa idade em geral é uma idade de muitas transformações e mudanças, de muitas inquietudes e descobertas, e velhos não teriam mais o direito de mudar.

Tenho a impressão que nada acaba ou diminui com a idade cronológica, pelo contrário, sempre existirá um tempo para mudar de rumo na vida, para "virar a mesa", para começar de novo. Assim como Niemeyer, quando decidiu iniciar uma nova vida aos noventa anos de idade, ou Roberto Marinho que decidiu ser rico aos sessenta anos.

Portanto, a melhor idade é aquela que você está vivendo hoje. Se for um período complicado, de inquietude, de questionamentos, ou de profundas mudanças, mesmo assim continua sendo a sua melhor idade. Se você já é feliz e vive na sua plenitude, parabéns, a sua melhor idade também é aqui e agora.

O importante é nunca deixar de crescer, de promover mudanças na sua vida, e de ser contemporâneo. Assim, a idade cronológica só contará ao seu favor, pois, como um dia um amigo disse-me: "A experiência é pessoal, intranferível e só adquire-se com o passar do tempo".

Seja sempre jovem e viva a sua melhor idade.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto. Velhice ou juventude é um estado de espírito. A idade cronológica não é suficiente para julgar uma pessoa velha ou jovem. Parabéns pelo texto. Grande abraço.

    ResponderExcluir